António Júlio Pereira Jorge
Nasceu a 27 de Maio de 1961, em Riachos, concelho de Torres Novas.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Jornal "O Riachense" Suplemento Cultural - 23 DEZ 09


ARTE RIACHENSE

Riachos é uma Vila pobre em certas áreas da actividade económica, tem pouco comércio, pouca indústria, tem alguns serviços e neste momento emprega já muito pouca gente na agricultura. Apercebemo-nos disso com relativa facilidade, para trabalhar, a maior parte da população tem que se deslocar para fora, ou seja, para as cidades vizinhas e outras bem mais distantes. Enfim, pode dizer-se que Riachos é pobre neste âmbito e não tem tido o desenvolvimento necessário, nem a atenção devida por parte de quem tem esse dever e obrigação – o poder político e Autárquico.
Mas em contrapartida, Riachos é desde há muito tempo uma Terra muito rica sob o ponto de vista das artes e da cultura, possuindo um potencial extraordinário nesta matéria sendo no entanto necessário desenvolver mais essas potencialidades, apesar de ter pouco ou nenhum peso em termos económicos. É preciso imaginação, inovação e trabalho.
São muitas as pessoas, “artistas” naturais e residentes, sob os vários pontos de vista ligados às artes e à cultura. Uns são profissionais, outros semi-profissionais e a grande maioria amadores ou amantes da arte, com muito talento que continuam à espera de uma oportunidade para se darem a conhecer e serem divulgados.
São muitas as colectividades e associações, cada uma das quais, que para além da sua actividade e objecto estatutário, podem colaborar, isto porque têm a sua história, que sob várias formas podem enriquecer ainda muito mais o panorama cultural em Riachos.
São muitas as pessoas capazes de idealizar, contribuir, desenvolver projectos e levar a cabo verdadeiras manifestações artísticas e culturais na Nossa Terra.
Já muito se fez, já muito também se tentou fazer, mas é necessário não esquecer, não deixar morrer, mesmo sabendo que por vezes é difícil manter vivas determinadas chamas.
Penso que o que tem faltado são os apoios, há que consegui-los, que procurá-los, há quem tenha esse dever, essa obrigação, é preciso também exigir.
Nesta área das artes não basta dar a conhecer o nome da terra, é preciso dar a conhecer Riachos, isto é, o seu interior, o que tem de bom e de precioso, a sua essência o que tem de espectacular, que são as pessoas, os usos os costumes, as tradições, a arte e a cultura. Levar a nossa cultura para fora é importante, mas não é menos importante trazer pessoas a conhece-la, para tal é necessário desenvolve-la ainda muito mais. São contudo necessárias opiniões e sugestões no sentido de se saber quais as formas mais correctas, não só de divulgar a arte e a cultura, mas também para o desenvolvimento de Riachos noutras áreas relacionadas.
É essencial que as pessoas que estão ligadas profissionalmente a estas áreas colaborem, no sentido de incentivarem os outros, principalmente os mais jovens.
Deveria ser responsabilidade e uma prioridade do poder autárquico – uma vez que não existe uma organização com essa finalidade específica – desenvolver o trabalho necessário, no sentido da promoção e divulgação das artes e da cultura Riachense.
É imprescindível que o poder autárquico local promova conjuntamente com as colectividades, associações e artistas das várias áreas, actividades desta natureza, procurando estabelecer elos de ligação, aliando nesta expectativa a arte e a cultura ao lazer, contribuindo assim para o bem-estar psicológico e emocional da população e também para uma maior qualidade de vida. Permitindo ainda que as gerações mais novas e as vindouras cresçam culturalmente com a arte.
Sonhar, criar, realizar e construir ajuda-nos a viver com qualidade.
É necessário preparar a população, como interveniente e como espectador para a utilização e dinamização da tão falada e esperada Casa da Cultura que os Riachenses gostariam que fosse uma realidade a curto prazo. Devendo os responsáveis políticos e autárquicos estar atentos às expectativas da população nesta área e procurar estabelecer um diálogo entre si e os agentes culturais, no sentido do desenvolvimento e promoção das actividades artísticas de forma a dinamizar e a tirar o máximo proveito da Casa da Cultura, caso esta venha um dia a ser realidade, e contribuir para o aumento de espectadores, apreciadores e interessados na área das artes, da cultura e do espectáculo. Contribuindo desta forma para a valorização pessoal e intelectual da população em geral.
É necessário em Riachos promover o convívio e o saber utilizar os tempos livres de uma forma enriquecedora sob o ponto de vista das artes, principalmente nas camadas mais jovens através de projectos que visem o desenvolvimento da expressão artística e formação dos cidadãos.
Dever-se-á procurar reunir a cultura tradicional com a contemporânea, criando festas para todos os públicos promovendo projectos inéditos cruzando as expressões mais contemporâneas com as artes tradicionais e profundamente populares. Utilizando a rua como espaço privilegiado para a manifestação desta cultura.
Dever-se-á apoiar a criação artística, defesa e inovação da cultura popular. Sem perder de vista as suas mais profundas raízes.
É portanto necessário apoiar os esforços dos criadores de artes em Riachos com vista a dar uma maior importância, divulgação e dinamização das actividades artísticas e culturais nos variados domínios, sendo possível depois de reunidas estas condições criar um “Cartaz Cultural” que ocupe um lugar de destaque na região.
Apercebendo-me de toda esta realidade e sendo eu uma pessoa que desde cedo manifestei o gosto por tudo o que era arte, em particular pelo desenho e pela escultura, e sem o apoio necessário para poder mostrar e divulgar aquilo que fazia neste campo, e sabendo que existem muitas pessoas em Riachos com as mesmas dificuldades, pensei várias vezes na criação de uma associação com vista à promoção e divulgação da arte criada. Mas como é sabido, nestas coisas a falta de recursos financeiros e de instalações para o seu funcionamento são o grande obstáculo, tendo o projecto ficado a aguardar por melhores dias na gaveta.
Pelo reconhecimento do trabalho que tenho vindo a desenvolver, fui recentemente convidado a colaborar com o Museu Agrícola de Riachos na área das Artes e das Colecções. Então surgiu a oportunidade de propor à direcção da ADPHNRR a criação de um Núcleo de Artes inserido no Museu Agrícola, o que foi aceite de imediato. O Presidente da ADPHNRR, Carlos Trincão Marques, disponibilizou desde logo instalações suas para o funcionamento do Núcleo onde os “artistas e Artesãos” irão poder encontrar-se e trabalhar nas suas criações artísticas.
Neste momento já existe algum trabalho feito, nomeadamente o Projecto de Regulamento de Funcionamento do Núcleo, estando assim criadas condições para o seu arranque. Aproveitando para informar que em meados do mês de Janeiro se realizará um encontro para se falar sobre a constituição e funcionamento do Núcleo. Podendo e devendo estar presentes todas as pessoas ligadas sob qualquer forma às artes ou à cultura Riachense, bem como os interessados ou amantes das artes.
Será formalizado o convite e designada a data desta reunião na próxima edição deste Jornal.

António Júlio Pereira Jorge
Escultor Autodidacta

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